Duas medidas para expansão da malha ferroviária brasileira podem impulsionar o crescimento do transporte multimodal e reduzir a dependência do uso de rodovias para movimentação de carga. Uma delas foi a aprovação, em 2021, do novo marco regulatório do setor, que estimula investimentos privados e parcerias público-privadas para aumentar a eficiência operacional e modernizar as linhas férreas. Outra foi a isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre investimentos em obras ferroviárias.
Segundo matéria da Intermodal Digital, a secretária especial para o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Casa Civil da Presidência da República, Amanda Seabra, esteve no evento e revelou os planos do Governo Federal para alcançar esse objetivo, que incluem dezesseis leilões e dois projetos pioneiros envolvendo portos importantes para o PIB brasileiro. Segundo ela, o PPI proporciona constante contato do Estado com o mercado, alinhando as expectativas do investidor e do país. O diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportes, Davi Barreto, reforçou a necessidade de investimento em ferrovias para desafogar o fluxo de caminhões e melhorar o escoamento da produção, além de melhorar as entregas pelo país.
Em uma operação logística que integra armazenagem, rodovia, ferrovia e porto, a expectativa é repetir a movimentação de açúcar e de fertilizantes registrada em 2023. O mesmo tende a acontecer na siderurgia, apesar do momento difícil do setor. Já no agronegócio, o fenômeno climático El Niño impactou a produtividade em algumas regiões e acendeu o sinal de alerta em relação à quebra de safra.
Segundo dados da ABIFE- Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, a projeção para o setor de transporte multimodal via cabotagem neste ano é de alta entre 6% e 12% no volume de cargas movimentadas, depois de um crescimento tímido registrado no quatro trimestre de 2023. Vai depender, entretanto, do clima, destino de cerca de 40% do escoamento por esse modal.
Para o Diretor da Complex Multimodal, Valerio Barbosa, o incentivo ao consumo das famílias, especialmente de itens considerados importantes para o transporte multimodal, como alimentos, produtos de limpeza e higiene e bens de consumo duráveis, pode impulsionar o volume de carga movimentada. Para ele, “programas como o Desenrola Brasil, do governo Federal, que tem como objetivo recuperar as condições de créditos de quem tem dívidas negativadas, são fundamentais para a retomada do fluxo de mercadorias, além disso, é importante a retomada da economia para o investimento da iniciativa privada e pública, além de investidores estrangeiros nas multimodais brasileira.”