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Logística deve ser prioridade de Zema em reunião com Lula

Às vésperas da reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os governadores, marcada para a sexta-feira, o chefe do Executivo de Minas Romeu Zema (Novo) deve focar articulações por intervenções na área da logística e mobilidade.

Após garantir o leilão do metrô, Minas quer, agora, a concessão de rodovias federais, como a BR–381; um novo ramal ferroviário para ligar o Norte ao Noroeste do Estado; e a relicitação da BR–040, hoje nas mãos de uma empresa que quer rescindir o contrato.

A nova ferrovia seria entre Pirapora, no Norte de Minas, e Unaí, no Noroeste, a partir da antecipação de recursos da renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). O projeto é visto como uma “iniciativa prioritária” para o governo no Relatório de Demandas Prioritárias de Minas Gerais. O objetivo é potencializar a logística agrícola no Noroeste, diante do projeto de remineralização de solo em desenvolvimento no local.

Além disso, Zema quer facilitar o escoamento de grãos e pó de basalto, material abundante no Triângulo Mineiro, perto de Unaí. Na avaliação do governo, essa antecipação de recursos viria “como forma de reconhecimento”, diante da exploração minerária no Estado e da destinação de recursos para outros modais ferroviários espalhados pelas regiões Centro-Oeste e Nordeste do país.

O governo estadual também quer incluir as obras da BR–365, entre Patrocínio e Patos de Minas, no Triângulo Mineiro, no contrato de concessão de rodovias estaduais da mesma região. É outra intervenção vista como “iniciativa prioritária”. A administração pontua que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes já foi procurado, mas informou que não tem capacidade financeira para arcar com os investimentos diante do “cenário de restrição fiscal vivenciado pela União”.

Concessões
Outras obras rodoviárias são vistas pelo governo estadual como “importantes para Minas”. São as concessões da BR–251, da BR–116 e da BR–262, a licitação da BR–381 e uma nova concessão da BR–040, hoje nas mãos da Via 040.

Na BR–251 e na BR–116, a gestão Zema cita uma pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que aponta para uma trafegabilidade apenas “regular” nos ramais. A ideia é conceder à iniciativa privada a BR–251, entre Montes Claros (Norte) e o entroncamento com a BR–116, e a BR–116, entre Governador Valadares (região do Rio Doce) e a divisa com a Bahia.

Antiga demanda da população, a administração de Zema quer que o governo federal licite a BR–381 entre BH e Governador Valadares. “A rodovia encontra-se em condições de trafegabilidade regular e também é palco de muitos acidentes”, pontua o governo no documento ao qual a reportagem teve acesso.

A ideia é melhorar as condições no trecho de 304 km para otimizar o escoamento da produção siderúrgica no Vale do Aço. O planejamento é duplicar a rodovia em 132 km, adicionar faixas em 100 km, criar travessias urbanas e construir 11 km de vias marginais. O investimento gira em torno de R$ 5,5 bilhões.

O governo de Minas também se preocupa com relicitação da BR–262 entre Brasília e Betim, atualmente sob responsabilidade da Triunfo Concebra. Uma nova concessão da BR–040 é outro tema visto como importante, já que a Via 040 já protocolou um pedido de rescisão do contrato junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres, diante das tarifas insuficientes dos pedágios para realização de intervenções na estrutura.

Professor elogia, mas faz alerta
O professor de logística da Fundação Dom Cabral (FDC) Paulo Resende elogia as propostas do governo de Minas para melhorar a “eficiência logística”. Ele classifica o Estado como “centro logístico do país”, por ter uma localização privilegiada e uma extensa malha ferroviária e rodoviária.

“O que o governador tem defendido como prioritário e levado para o presidente Lula é exatamente o conceito de melhorar e ampliar essa eficiência. No documento, temos várias concessões e renovações de concessões, tudo para melhorar as principais rodovias brasileiras. Temos que aproveitar isso. Os caminhões não podem chegar a Minas e encontrar um gargalo, como hoje acontece”, diz.

O especialista reconhece, sobretudo, o esforço do governo para criar uma nova linha ferroviária no Estado. Para Paulo Resende, a logística brasileira se encontra muito dependente do transporte rodoviário, o que limita o escoamento de cargas e coloca o país em pressão constante, principalmente quando há elevação no preço dos combustíveis.

Apesar dos pontos positivos, Resende pede cuidado tanto do governo de Minas quanto da União no momento de conceder as rodovias federais à iniciativa privada e relicitar a BR–040.

Para o professor, a concessão da BR–040 não deu certo porque o projeto de concessão não seguiu a realidade da demanda. Entre BH e o Rio de Janeiro, a circulação de veículos é intensa, o que faz a concessionária ganhar dinheiro. Porém, entre a capital mineira e Brasília, o pedágio atual resulta em prejuízo. Essa balança desequilibrada motivou o pedido de rescisão do contrato.

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